quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tipos de Escoliose

Hoje, faço 3 meses pós cirurgia e queria compartilhar com meus leitores a respeito da escoliose, em específico. :-)


 “ Escoliose Estrutural Idiopática:

É a mais freqüente das escolioses, responsável por aproximadamente
80% de todos os casos.
A escoliose estrutural é importante, progressiva e incapacitante no futuro. Existe um fator genético associado e, embora não se evidenciem anomalias cromossômicas, aparece com maior freqüência em gêmeos, irmãos e familiares. Alguns autores já adotam o termo escoliose familiar em vez de escoliose idiopática(14). Talvez seja uma doença ligada ao sexo, transmitida por um caráter dominante de baixa penetrância, pois a doença incide nos dois sexos, embora seja mais comum no sexo feminino(15). Acredita-se que a escoliose seja uma condição multigênica dominante com expressão fenotípica variável. A escoliose incide em aproximadamente 4% sendo que um terço evolui para cirurgia(13).
O conhecimento da história natural da escoliose idiopática é essencial para o tratamento efetivo.
Considera-se normal a coluna vertebral que, na radiografia panorâmica em AP, não apresenta nenhuma inclinação lateral, porém alguns autores(16) consideram que curvas que não excedem a 10o não podem ser diagnosticadas como escoliose. Sendo assim, um grande número de pacientes com pequenos graus de curvatura pode ser considerado normal e não patológico(17).
Portanto, curvas menores que 10o podem ser diagnosticadas como escoliose postural, e aquelas secundárias à assimetria dos membros inferiores, como escoliose funcional, evitando assim o termo escoliose idiopática(16).
Determinar se uma curva está progredindo é muito importante, mas difícil de realizar. Na medida do ângulo de Cobb a margem de erro pode chegar até 7o. Para diminuir a incidência de erros, devem ser realizadas radiografias em seqüência que mostrem mais do que 10o de alteração ou um aumento de 5o em curvas preexistentes para se documentar como curva progressiva(16). O exato conceito de progressão pode afetar a decisão do tratamento.
Progressão não é indicação absoluta de tratamento. Exemplo: um aumento de 10o tem diferentes implicações para um paciente com uma curvatura de 10o do que para outro com 35o de curva. Progressão no passado não é necessariamente um indicador de progressão futura, especialmente para curvas pequenas.
Conforme a classificação vista, a escoliose estrutural idiopática pode ser assim dividida:
Infantil (0 – 3 anos)
a) resolutiva
b) progressiva
Juvenil (3 – 10 anos)
Adolescente (acima de 10 anos)

Escoliose Idiopática Infantil:

É relativamente rara, sendo a incidência menor do que 1%. Quando ocorre, 90% dos casos apresentam resolução espontânea, porém 10% restantes evoluem para escoliose muito grave(10). A escoliose idiopática infantil progressiva continua progredindo durante a adolescência. É mais freqüente em meninos e geralmente se associa a outras anomalias congênitas fora da coluna vertebral.
Se não houver resolução espontânea, as curvas geralmente respondem bem ao tratamento conservador. O tratamento é cirúrgico quando há anomalia congênita ou em grandes escolioses potencialmente progressivas e com morbidade aumentada.

Escoliose Idiopática Juvenil:

Como está descrito na literatura mundial, ocorre em 12% a 21% dos
casos e parece existir uma incidência igual nos dois sexos. Trata-se de uma enfermidade nitidamente familiar, sendo freqüentes as pequenas curvas não progressivas, sendo a curva torácica direita a mais comum. Não ocorre remissão espontânea, e no começo da adolescência pode evoluir de forma rápida quando não tratada.
O tratamento não-cirúrgico é realizado pelo uso do colete de Milwaukee nas curvas torácicas e órtese lombossacral (OTLS) nas curvas toracolombares menores que 400 e lombar simples. Quanto ao tratamento cirúrgico, este deve ser, se possível, retardado até o final do crescimento da coluna vertebral.

Escoliose Idiopática no Adolescente:

Está presente em 2% a 4% das crianças entre 10 e 16 anos de idade. É nessa época que muitos pacientes se apresentam para diagnóstico e tratamento. Alguns já com curvas bem estruturadas e que evoluem rapidamente, cerca de 1o por mês, na fase de crescimento rápido (9 aos 13 anos). por outro lado, existem curvas pequenas que não progridem na adolescência.
É mais freqüente no sexo feminino, sendo a curva torácica direita a mais comum. Sua prevalência na população geral é de 1,8%, se curvas inferiores a 10o forem incluídas. É um problema mundial; com estudos de prevalência na China, Japão, União Soviética, Suécia, Estados Unidos e Brasil mostrando notáveis resultados similares(18).
A causa da escoliose ainda não é conhecida, a despeito de muitos estudos. Um estudo feito por Warren et alii(19) sugere uma relação causal entre hipoestrogenismo (com amenorréia) e escoliose.
Escoliose idiopática no adolescente tem recebido muita atenção nos últimos 20 anos, principalmente em razão de três fatores: o uso da avaliação escolar para avaliar grandes grupos de população, melhora nos métodos de tratamento não cirúrgico e o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas seguras.
            A essência de qualquer programa de qualidade é detectar curvas vertebrais progressivas na época em que elas podem ser mais bem tratadas. Assim, curvas maiores que 40o são relativamente refratárias ao uso de coletes; o tratamento deve começar antes que a curvatura alcance esse ponto. Como mostrado por Lonstein e Carlson, curvas menores que 20o são benignas e não precisam ser tratadas, porém devem ser observadas quanto a futuras progressões.
Dos adolescentes diagnosticados com escoliose, somente 10% têm curvas que progridem e merecem tratamento médico. Os principais fatores de risco para progressão da curva escoliótica são curvas com grande magnitude, imaturidade óssea e sexo feminino. É bom lembrar que adolescentes com mínima escoliose e com baixo risco para progressão, ao serem referendadas desnecessariamente para tratamento, evoluem com extrema ansiedade, apresentam absenteísmo na escola e no trabalho, além de serem expostos desnecessariamente a radiações. Por outro lado, quando o tratamento é retardado nos pacientes com escoliose de grande magnitude, com morbidade aumentada, os efeitos psicológicos e sociais desta doença podem ser desastrosos, como p.ex., isolamento social, oportunidades limitadas de trabalho e baixo índice de matrimônio. (...)” NATOUR, Jamil (2004)



Escoliose Degenerativa:

Como a média de idade da população em geral vem aumentando, um dos maiores desafios é tratar esses pacientes com escoliose degenerativa. Acredita-se que a degeneração das facetas e discos, que evoluem para rotação e listese é o ponto inicial da reação que provoca a escoliose no adulto. A curvatura vertebral que usualmente aparece na coluna lombar ou toracolombar parece ter mais listese rotatória e lateral com pequeno ângulo de Cobb do que as longas curvas que aparecem nos pacientes adultos com escoliose idiopática. No plano sagital, além disso, é comum perda da lordose ou retificação da cifose com o paciente inclinado para a frente. Compressão neural resultante da combinação de listese, hipertrofia ligamentar, hipertrofia facetaria e colapso discal resultam em sintomas de claudicação radicular ou neurogênica. Estes pacientes requerem tratamento da sua coluna mais pela dor neurogênica do que pela dor nas costas ou deformidade.

A idade avançada dos pacientes é um fator complicador aumentando o risco para tratamento cirúrgico dos sintomas. Por exemplo, deficiência cardiopulmonar e outras co-morbidades, como diabetes, hipertensão arterial de difícil controle, aumentam o grau de complicação destes pacientes. A densidade óssea está geralmente diminuída. Contraturas de partes moles e diminuição total na flexibilidade reduzem a capacidade de realizar e manter postura correta.
A escoliose degenerativa, descrita como escoliose “de novo”, foi concebida inicialmente como decorrente de doença osteometabólica, como osteoporose e osteomalácia. Pensou-se que ossos enfraquecidos colapsam e resultam em escoliose degenerativa. Subseqüentemente, densitometrias realizadas em pacientes com escoliose degenerativa e escoliose idiopática no adulto não mostraram diferenças significativas na densidade óssea mineral entre os dois grupos(44). A prevalência da escoliose degenerativa é de 6% sendo a idade média de apresentação a partir dos 60 anos. A progressão da curvatura na escoliose degenerativa, como relatou Pritchett, é de 3,30 Cobb em média e alguns alertas radiológicos estão descritos: um ângulo de Cobb de 300 ou mais, translação vertebral lateral de 6mm ou mais, rotação apical de grau 3 e listese proeminente ou grave de L5 são fatores preditores de progressão da curvatura vertebral.

Tratamento Não Cirúrgico:

Em síntese, o tratamento conservador com antiinflamatórios não hormonais, infiltrações epidurais e coletes pode ajudar no alívio dos sintomas nos membros inferiores e costas. Exercícios de condicionamento aeróbico e flexibilidade são benéficos quando tolerados pelo paciente e ajudam a prevenir a progressão da osteoporose em pacientes idosos.

Tratamento cirúrgico:

As metas do tratamento cirúrgico são descompressão dos elementos neurais e estabilização da coluna vertebral. A severidade e extensão da estenose do canal e a deformidade determinam o procedimento cirúrgico necessário. A cirurgia pode variar da laminotomia ou laminectomia somente para uma liberação anterior com descompressão posterior e fusão com instrumental. (...)” NATOUR, Jamil (2004)

Escoliose Congênita (presente no nascimento):

Decorrente de uma anomalia óssea presente no nascimento, resultando em uma má formação de parte da coluna vertebral, ocorrendo entre a terceira e sexta semana de gestação (durante o desenvolvimento da coluna do feto). Escoliose congênita é geralmente o resultado de um lado de uma vértebra que não fecha totalmente. Os médicos nomeada por médicos de “crescimento de uma hemivértebra” (meia vértebra), que faz com que a coluna cresça torta. Essa patologia, também pode ocorrer quando as vértebras não segmentam como deveriam, elas naturalmente se fundem no que é chamado uma “vértebra em bloco”, que também afetando o modo como a coluna vertebral cresce.

Escoliose Neuromuscular:

Um resultado anormal dos músculos e/ou nervos, Desordem no sistema neurológico de uma criança. Frequentemente visto em pessoas como paralisia cerebral, distrofia muscular  ou espinha bífida, pode desenvolver escoliose neuromuscular ou em pacientes com várias condições que são acompanhadas por, ou resultar em paralisia. A coluna vertebral geralmente assume uma longa curva em forma de C, nesse tipo de escoliose. Porque as crianças têm troncos muito fracos e não são capazes de suportar seus corpos.

CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DAS DEFORMIDADES

Escoliose Estrutural
 1. Idiopática
1.1 Infantil (0-3 anos)
1.1.1 Resolutiva
1.1.2 Progressiva

2. Neuromuscular
2.1 Neuropática
2.1.1 Neurônio motor superior
2.1.1.1 Paralisia cerebral
2.1.1.2 Degeneração espinocerebelar
2.1.1.2.1 Deformidade de Friedreich
2.1.1.2.2 Enfermidade de Charcot – Marie – Tooth
2.1.1.2.3 Enfermidade de Roussy – Lévy
2.1.1.3 Siringomielia
2.1.1.4 Tumor de medula espinhal
2.1.1.5 Traumatismo de medula espinhal
2.1.1.6 Outras
2.1.2 Nerônio motor inferior
2.1.2.1 Poliomielite
2.1.2.2 Outras mielites a vírus
2.1.2.3 Traumática
2.1.2.4 Atrofia muscular espinhal
2.1.2.4.1 Werdnig – Hoffmann
2.1.2.4.2 Kugelberg – Welander
2.1.2.5 Mielomeningocele (paralítica)
2.1.3 Disautonomia (síndrome de Riley – Day)
2.1.4 Outras
2.2 Miopática
2.2.1 Artrogripose
2.2.2 Dostrofia muscular
2.2.2.1 Duchenne (pseudo-hipertrófica)
2.2.2.2 Fascioescápulo-umeral
2.2.3 Desproporção do tipo de fibra
2.2.4 Hipotonia congênita
2.2.5 Miotonia deistrófica
2.2.6 Outras

3. Congênita
3.1 Insuficiência de formação
3.1.1 Vértebras em cunha
3.1.2 Hemivértebras
3.2 Falta de segmentação
3.2.1 Unilateral (bloco não segmentado)
3.2.2 Bilateral (fusão)
3.3 Mista

4. Neurofibromatose

5. Alterações mesenquimatosas
5.1 Síndrome de Marfan
5.2 Síndrome de Ehlers–Danlos
5.3 Outras

6. Doença reumatóide

7. Traumática
7.1 Fratura
7.2 Pós-irradiação
7.3 Cirúrgica
7.3.1 Pós-laminectomia
7.3.2 Pós-toracoplastia

8. Contraturas extravertebrais
8.1 Pós-empiema
8.2 Pós-queimaduras

9. Osteocondrodistrofia
9.1 Nanismo disartrófico
9.2 Mucopolissacaridose
9.3 Displasia espondiloepifisária
9.4 Displasia epifisária múltipla (acondroplasia)
9.5 Outras

10. Infecção óssea
10.1 Aguda
10.2 Crônica

11. Metabólica
11.1 Raquitismo
11.2 Osteogênese imperfeita
11.3 Homocistinúria
11.4 Outras

12. Relacionada com a articulação lombossacral
12.1 Espondilólise e espondilolistese
12.2 Anomalias congênitas da região lombossacral
13.1 Coluna vertebral
13.1.1 Osteoma osteóide
13.1.2 Histiociose X
13.1.3 Outras
13.2 Medula espinhal (v. neuromuscular)

Escoliose Não-Estrutural ou Funcional
1. Escoliose postural
2. Escoliose histérica
3. Irritação radicular
4. Inflamatória (ex. apendicite)
5. Assimetria dos membros inferiores
6. Contratura do quadril “ NATOUR, Jamil (2004)

 Referência bibliográfica:
NATOUR, Jamil. Coluna Vertebral: conhecimentos básicos, 2004.



Possuo a Escoliose Idiopática. Abaixo estarão minhas fotos e radiografias pré cirurgia (no decorrer dos anos).




Janeiro, 2014

Penúltimas radiografias com escoliose (não lembro a data) - após 2012

Penúltimas radiografias com escoliose (não lembro a data) - após 2012

Julho, 2014

Julho, 2014

















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